sexta-feira, 11 de junho de 2010

Escola Básica e Secundária de Vila Cova-Barcelos

Permanece entre as civilizações um genuíno estado de multiplicidade além do qual elas não conseguiram avançar, mas abaixo do qual nunca podem descer sem ameaço, deve-se reconhecer que essa multiplicidade resulta em grande parte do anseio de cada cultura de se opor às que a sitiam, de distinguir-se delas, em resumo, de serem elas mesmas; não se ignoram, imitam-se ocasionalmente, mas, para não perecerem, é fundamental que, sob outros aspectos, persista entre elas uma certa impermeabilidade…tal como na pintura em azulejos, onde os alunos do Curso de Pintura e Decoração Cerâmica, coordenados pelos professores: Nuno Mendanha e Sandra Viela, tiveram de assumir possíveis aparências, possíveis realidades, criando nos rostos esboçados o seu mundo. Por isso a caligrafia expressa no painel une de uma forma ambígua a presença dos limites e a ausência dos corpos, deixando o rasto do rito originário. Este aparece como contorno – limite do Ser a remeter para possíveis auto-retratos dos alunos. Uns que vão chegando e outros que vão partindo, em eterno devir. As suas caligrafias surgem na aparência das sombras, como ideia das coisas; ao mesmo tempo como estruturas e recortes das suas próprias imagens projectadas, estimulando a nossa imaginação e, onde duas forças complementares, Yin e Yang compõem tudo que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo o movimento e mutação do Mundo. Porque Todos Diferentes, Porque Todos Iguais. 
Se há no mundo um estado que nos seja conhecido e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e contemporaneamente sem fronteiras, esse estado é o da infância. A esse instante cândido, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se retorna em momentos singulares — a tais retornos se chama, às vezes, poesia imagética….

Painel em azulejo

Título:Todos Diferentes, Todos Iguais
Dimensões: 570cm x 600cm

Ano lectivo:2010/2011

Turma: CEF Pintura e Decoração Cerâmica
Coordenação: Nuno Mendanha, Sandra Viela

Painel em azulejo

Título:Mundo

Dimensões: 490cm x 570cm

Ano lectivo:2009/2010

Turmas:9ºB, 8ºA,B,C  7ºA,B  6ºB

Coordenação: Nuno Mendanha, Anabela Braga, Ana Barbosa e Filipe Ferreira


        




Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse local inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia imagética.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Escola EB 2/3 Dr. Nuno Simões

O que a arte nos ensina não é puro discernimento, é a relação mais profunda de nós próprios com o mundo, é verdadeiramente o «ver». Se dizemos que um Miguel Ângelo nos reinventou tal mundo, dizemos que outros artistas eram antes dele responsáveis pelo modo como o víamos. E há sempre um modo de ver, que é sempre um mundo estético. Porque o mundo se não vê numa estrita e impossível dimensão «objectiva»: um objecto não nos é nunca neutro, puramente indiferente. Mas acontece que uma forma «nova» de ver acaba por assimilar-se àquilo mesmo que somos, tendendo a identificar-se com o que julgamos a nossa «natureza». A presença do artista esquece-se, como se o artista fôssemos nós - e um artista inconsciente. E é só ao choque de uma visão original que nós despertamos para uma visão diferente e sentimos que é diferente essa visão: consubstanciada connosco, ela será de novo nossa. A mesma recuperação de uma visão original se opera na própria recuperação de uma obra de arte: a visão do mundo realizada pode passar-nos despercebida. É a recuperação dessa visão que define a descoberta de um artista esquecido - e, através dele, do mundo que nos reinventara agarrando o DIA ao NASCER...

Painel em azulejo

Título:Sonho

Dimensões: 465cm x 690cm

Ano lectivo:2008/2009

Turmas:9ºA,B,C,D,E e 7ºF

Coordenação: Nuno Mendanha





Painel em azulejo

Título: Agarra o Dia ao Nascer

Dimensões: 465cm x 690cm

Ano lectivo:2008/2009

Turmas:9ºA,B,C,D,E e 7ºF

Coordenação: Nuno Mendanha




quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Escola Secundária de Monserrate

Uma Metáfora da Vida



Estabeleceu-se, desde logo, entre docentes e discentes, uma relação empática, talvez decorrente do studium, das afinidades entre os universos culturais expostos e as nossas memórias. A impressividade dos momentos visuais vividos constituem ainda um amplo repositório onde constantemente regressámos para estabelecer e repensar as fontes ideológicas pessoais. E é nesses momentos, introspectivos, que revemos inúmeras figuras recortadas em cenários poderosos, sugestivos e diversos, e que fazem parte da nossa iconologia cultural. Essas figuras são semelhantes às das fotos e documentos que nos rodeiam. Por isso e porque no acto de desenhar, criar, recorremos frequentemente, a citações e colagens a partir de imagens publicadas nos meios e comunicação de massas, propusemo-nos alterar a vertente estética da Escola Secundária de Monserrate, criando, para cada espaço especifico, painéis em azulejo. Obviamente que a escolha não foi nada fácil, dada a qualidade e quantidade de fotografias a examinar.
Reside nisto, nesta capacidade de prender e exigir compartilha, o reflexo dos valores ontológicos questionados pela consciência de Ser: é que uma imagem para além da leitura denotativa implica sempre conotações valorativas e simbólicas que ultrapassam a simples fenomenologia da forma. A visão humana descobre sempre algo mais para além da matéria. Necessita de mitos. E de ritos.
Ora, foi este algo mais que os alunos foram buscar às suas referências pessoais. A intertextualização criará novos contextos formais estruturais e simbólicos, mas sem negar o referente. Este funcionará como ponto de partida para outras aportações, possibilitando outras experiências estéticas e outros conhecimentos. Porque diferentes.
As vivências juvenis projectadas a partir das presenças físicas dos concidadãos e através da iconicidade corpórea e de adereços com que se apresentavam, tornaram-se num referente imagético armazenado e sempre pronto a ser evocado pelos alunos em situações que requeiram da sua parte o ter que assumir a sua atitude no que diz respeito à problemática sócio-filosófica, ideológica-cultural.
E o resultado é: procuraram descer ao âmago de cada uma das personagens na tentativa de desnudar aquilo que nelas há de universal e disso fazer testemunho: a pintura .
É esta prática da alteridade, o tentar por cá fora o outro, o gémeo, aquele que está do outro lado, do lado do imaginário, das lendas, dos contos. Para eles a máquina pictórica está sempre aparelhada e pronta a disparar. Há que eternizá-los. Pinta-se, com toda a ideologia que se tem. Isto é: quem pinta, retrata-se, os olhos são a câmara. O valor na arte, não pode ser apenas medido a partir de um ponto de vista estético, mas pela intensidade humana e social da sua representação óptica.
Se a pintura em si, é já uma espécie de morte do instante, porque fixa os objectos no tempo, transmite intrinsecamente a ideia de morte. No entanto, e paradoxalmente, celebra a própria vida, contida naquele mesmo instante e torna possível revê-lo.
A vida e morte fazem parte da essência do ser humano. Logo, as figuras recriadas pelos discentes, as suas personagens, índices de tomadas da realidade, carregadas de leituras simbólicas, assumem a qualidade de ícones por remeterem para acordos culturais amplamente codificados.
Já afirmamos que a iconologia de vida e da morte está sistematicamente patente nos trabalhos de pintura. De uma forma implícita quase sempre, outras vezes contundentemente, através de referentes ou adereços que funcionam como marcadores simbólicos e de valores culturais.
Reside aqui a razão temática desta resenha teórica e do trabalho prático que terá que se justificar por ele próprio.
As figuras de pintura, para além do esmero técnico e do requinte plástico composicional, conotam um lirismo que, por vezes atinge a transcendência espiritual. Nelas o invisível torna-se visível, através de uma iconicidade que capta a dimensão do ser humano, utilizando referentes materialmente tão simples, espiritualmente tão ricos, enormes na dignidade. E se o pathos lá está, carregado de referencias nostálgicas. Se cada figura é um momento mori por participar na mortalidade imposta pela dissolução do tempo (cada instante é sempre passado). Por outro lado, o eros vivificante também está presente naquele pequeno objecto que pode ser conservado e olhado repetidamente. A pintura testemunha assim este momento privilegiado, que, paradoxalmente, foi, mas também é, porque nós o sentimos recuando no tempo, em simulacro como num jogo.
Metáforas da vida, metáforas da morte.
O desenho é um pedaço de vida. Quem desenha, desenha-se. Conhece-se. Afinal as coisas existem porque existem e porque temos consciência delas.
O desenho procede de uma necessidade humana interior primigénia, de gravar as experiências mais importantes e motivadoras da vida. Serve ainda para clarificar a percepção visual. Como meio pelo qual podemos participar com alguma autoridade da vida das coisas.


Painel em azulejo


Título:Sentidos

Dimensões: 220cm x 1140cm

Ano lectivo:2007/2008

Turmas:12ºJ e 10ºL

Coordenação: Nuno Mendanha










Painel em azulejo


Título:Doloroso nascimento de uma primeira palavra

Dimensões: 345cm x 620cm

Ano lectivo:2007/2008

Turmas:12ºJ e 10ºL

Coordenação: Nuno Mendanha



Painel em azulejo


Título:Antropometria

Dimensões: 345cm x 620cm

Ano lectivo:2007/2008

Turmas:12ºJ e 10ºL

Coordenação: Nuno Mendanha


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

EXTERNATO das NEVES

O Externato das Neves foi fundado em 1977, por um grupo de docentes. Nessa altura, existia uma lacuna na rede de ensino, tendo sido este assim implantado num ponto de confluência das freguesias de Mujães e Vila de Punhe, no concelho de Viana do Castelo. Hoje, tem como área pedagógica as seguintes freguesias: Vila de Punhe, Mujães, Alvarães, Portela Susã e Subportela. É uma Instituição de Ensino Particular e como tal rege-se legalmente pelo Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo. O ensino é gratuito sem qualquer espécie de selecção na admissão. Está integrado na rede escolar, e tem vindo a funcionar, desde a sua fundação, com financiamento do Estado.
Actualmente as escolas do 1º ciclo do ensino básico que debitam frequência ao Externato são as seguintes: Paço – Mujães, Outeiro - Portela Susã, Cortegaça -Subportela, Costeira-Alvarães e Igreja- Vila de Punhe que, juntamente com os respectivos jardins de infância, constituem o Agrupamento de Escolas das Neves. Os alunos do lugar da Vacaria – Carvoeiro, por tradição, proximidade e ligação directa de transporte também se orientam para o Externato.
O Externato das Neves desde que iniciou as suas funções tem sido espectador de profundas transformações económicas, sociais e culturais no meio que constitui a sua área de influência. A agricultura, actividade económica básica tradicional, vem perdendo peso e influência no decorrer dos últimos anos. Mesmo assim, é a actividade em que a maioria dos discentes do Externato das Neves se enquadra e com a qual se identifica. A emigração, embora sendo uma realidade relevante e marcante, tende a perder o lugar pioneiro que ocupava nestas últimas décadas. Os feirantes, actividade comercial de certa tradição no meio, está também a sofrer um atraso notável devido à instalação generalizada de médias e grandes superfícies comerciais. As abundantes pequenas empresas de artesanato de madeira continuam com um futuro sedimentado num processo de associação progressivo. As empresas de confecção têxtil foram grandes fontes lucrativas durante décadas, actualmente encontram-se em recessão progressiva. A indústria cerâmica para a construção de Alvarães encontra-se em decadência, surgindo assim, a cerâmica decorativa. O tecido social actual tende a fixar-se em actividades terciárias: o comércio e serviços públicos e particulares. Constitui situação preocupante no meio o crescente desemprego e a dificuldade de alcançar o primeiro emprego. Podemos concluir que o nível de vida parece ter melhorado substancialmente, embora largas franjas da população continuem no limiar da pobreza e da miséria que transparece no número de famílias que se candidatam aos apoios económico-sociais e nas situações extremas com que deparamos com alguma frequência em algumas zonas da nossa área de influência. A esta melhoria de condições de vida que se evidencia contrapõe-se uma estabilidade crescente na vida familiar tradicional, aliada a situações cada vez mais frequentes de dependências que geram progressivamente casos de crianças com problemas de desenvolvimento físico, equilíbrio afectivo e emocional e de carácter comportamental.
A Escola possui um amplo espaço exterior que inclui zonas de recreio, um campo cimentado e um espaço coberto, especialmente concebido para as actividades lúdicas dos alunos. Esta tem vindo a engrandecer o seu espaço físico, onde o grupo das artes com grande apoio e motivação dos directores do colégio, tem desenvolvido um apurado trabalho na componente estética do edifício escolar ao longo dos seus 30 anos de existência. A escola tende a assumir cada vez maior importância na transmissão da cultura e assume um importante papel na educação moral e na transmissão de valores tradicionais e cívicos. A escola será então considerada uma instituição e um espaço privilegiado na acção educativa. A escola tenta unificar, educandos os jovens através de uma aprendizagem colectiva e indistinta, num corpo de orientações e comportamentos bem como de valores comuns. A sociedade deseja e necessita que a escola lhe devolva os jovens sedentos de liberdade e progresso, e igualmente ciosos da solidariedade e de respeito pelos outros. No entanto a sociedade “funciona” de maneira diferente da escola, pois desunifica quando procura nos jovens um meio para satisfazer as suas necessidades. Em parte a escola trabalha o “molde” que os pais, sociedade e meio desejam que de lá saia. A escola, tendo em consideração essas necessidades da sociedade, tenta dinamizar e vivênciar as relações no seu meio, agindo para além de instituição na comunidade educativa. No sentido de participar no engrandecer destas relações, cabe-nos a nós professores / educadores conscientes do nosso papel, no processo de formação dos jovens, estar atentos a toda a dinâmica e exigências da sociedade, e em cada momento adaptar a nossa actuação, de modo a levar os jovens a desenvolver esses valores e atitudes mais em conformidade com o projecto de Homem que preconizamos.
Assim, é pertinente que a escola esteja plenamente integrada na comunidade valorizando-se o processo de ensino – aprendizagem com a realização de actividades extracurriculares, que envolvam os alunos e outros membros da comunidade escolar, como visitas de estudo, comemorações de certas datas festivas, acções de apoio e solidariedade social, de defesa do meio ambiente entre outras. Assim, a escola não é só um espaço onde se transmitem conhecimentos, mas um local onde se fazem os homens de amanhã!

Reflexos

Os alunos desenvolveram vários painéis de grandes dimensões em azulejo. No primeiro painel comemoram-se os 25 anos do Externato das Neves. Painel este que retrata um passado, o espaço contemporâneo e o futuro que este colégio testemunha e acompanha. O então Director do Externato, Dr. Carlos Seixo, escreveu uma mensagem para o painel que transmite toda a filosofia que em 25 anos este colégio tem transmitido aos que por cá tem passado. Filosofia assente no espírito do aforismo latino, Paulatim Sed Firmiter, o que quer dizer, avançar devagar, mas com firmeza. Os outros projectos tentam constituir com este formas que, partindo de umacompreensão vaga do ser, permitam pelo menos compreende-lo e interrogá-lo, alcançando uma determinação plena e completa do seu sentido. O que é o Ser? Aquele que pergunta é o próprio Ser e o que se encontra é o sentido do Ser. O modo de ser do Ser é a existência. A existência é assim a possibilidade de nos referirmos de qualquer modo ao ser, sendo portanto constituída por possibilidades, que não são puras, nem simplesmente lógicas, nem contingências empíricas, mas que o formam. Ser é vida. E se o desenho é uma possibilidade, o desenho é vida.
Uma criança vai riscando no chão uns traços enigmáticos. Tanto podem ser um retrato, uma declaração de amor ou a palavra que faltasse inventar. O desenho é uma forma de comunicar universal, de facto uma imagem vale mil palavras. Os alunos transmitiram possíveis aparências, possíveis realidades criando nos projectos e nos esboços o seu mundo. Por isso a caligrafia expressa nos painéis une de uma forma ambígua a presença dos limites e a ausência dos corpos, deixando o rasto do rito originário. Este aparece como contorno – limite do Ser a remeter para possíveis auto retratos dos alunos. Uns que vão chegando e outros que vão partindo, em eterno devir. As suas caligrafias surgem na aparência das sombras, como ideia das coisas; ao mesmo tempo como estruturas e recortes das suas próprias imagens projectadas, estimulando a nossa imaginação. Restabelece-se a ordem no imaginário onde tudo acontece e então recordámos... “parecem bandos de pardais, à solta, os putos... são os putos deste povo a aprenderem a ser homens.” E porque na realidade tudo isto acontece paradoxalmente, um registo gráfico celebra a morte do instante porque fixa o referente no tempo, transmitindo a ideia de morte. Ao mesmo tempo celebra a própria vida, retratada naquele momento sendo sempre possível revê-la. Tornando-se tudo isto numa dualidade ontológica intemporal.
Reflexos de vidas...

Painel em Azulejo

Título:Auto da Floripes

Dimensões:150cm x 255cm

Ano lectivo:1990/1991

Turmas:A

Ano:8º

Coordenação:António Mendanha e José Matos Lima

Painel em Azulejo

Título:Externato das Neves-25 Anos

Dimensões:195cm x 420cm

Ano lectivo:2001/2002

Turmas:A,B,C,D

Ano:9º

Coordenação:Nuno Mendanha

Painel em Azulejo

Título:1 Lugar ao Sol

Dimensões:375cm x 615cm

Ano lectivo:2003/2004

Turmas:A,B,C,D

Ano:9º

Coordenação: Nuno Mendanha

Painel em Azulejo

Título:Paulatim Sed Firmiter

Dimensões:195cm x 720cm

Ano lectivo:2003/2004

Turmas:A,C

Ano:9º e 8º

Coordenação: Nuno Mendanha e Vânia Mendanha


Painel em Azulejo

Título:Meio

Dimensões:270cm x 495cm

Ano lectivo:2004/2005

Turmas:A,B,C

Ano:8º

Coordenação: Nuno Mendanha, José Matos Lima, Carlos Seixo e Vânia Mendanha